Resumen
O artigo aborda, nos termos de uma sociologia política das emoções, um sentimento moral, qual seja, o ressentimento que plasmou o protesto social conservador que engolfou o Brasil na última década e que culminou na ascensão no populismo reacionário encarnado pelo bolsonarismo. Essa contestação social foi especialmente extravasada através das redes sociais virtuais na forma de uma ação conectiva. O material empírico que dá suporte à análise desenvolvida foi coletado utilizando um perfil na rede social Twitter a partir de uma amostra de 1615 tweets que foram coletados e categorizados com a utilização do pacote de
análise de dados qualitativos RQDA da linguagem de programação R. Por fim, a argumentação desenvolvida no trabalho chega a duas conclusões, quais sejam: a) o ressentimento que insufla o protesto conservador no Brasil está relacionado ao medo pela perda de privilégios e distinção social por parte de setores das camadas médias em decorrência da implementação de políticas de natureza redistributiva durante os governos do Partido dos Trabalhadores na Presidência da República (2002-2016); e b) esse ressentimento está associado a uma sociodicéia conservadora que naturaliza e legitima a reprodução simbólica da desigualdade a partir das categorias de classe, gênero e raça.