Resumen
Debates epistemológicos contemporâneos têm demonstrado a necessidade de ampliação das fronteiras da ciência no
sentido de incorporação da pluralidade de saberes e do protagonismo de grupos populares. A pesquisa sociopoética,
apesar de não utilizada em larga escala na pesquisa social, apresenta-se com uma possibilidade metodológica a ser
experimentada e avaliada. O artigo apresenta e analisa uma experiência sociopoética com trabalhadores(as) da economia
solidária (ES) sobre o tema da formação e assessoria. Os resultados demonstraram a possibilidade de desconstrução
de análises maniqueístas a respeito das disputas no campo da formação e assessoria, bem como a importância do
protagonismo dos trabalhadores na definição dos processos formativos. Em termos metodológicos, a sociopoética
mostrou ser um método inovador para a produção científica descolonizadora devido ao seu caráter autogestionário e
por validar fontes não conscientes de conhecimento (corpo, emoção e subjetividade), ativadas através de técnicas de
relaxamento e artísticas. O ato de pesquisar passou a ser, simultaneamente, um processo envolvente e prazeroso de
produção de conhecimento, autoconhecimento, convivência e fortalecimento individual e coletivo. Para o pesquisador,
significou também um desafio desconstrutivo de saída do tradicional lugar de poder e de saber, fazendo da pesquisa um
ato político emancipatório.